Mais de cem anos do rádio no Brasil: as novas tecnologias e a aposta no futuro

  • 14/03/2023
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Mais de cem anos do rádio no Brasil: as novas tecnologias e a aposta no futuro

O rádio experimentou mudanças nunca vistas na história nos últimos anos. A ampliação do acesso à internet e, principalmente, da produção de conteúdo fez com que o rádio migrasse de plataforma e experimentasse novos formatos.

Já no final dos anos 1990, as primeiras rádios surgiram na internet do Brasil. Registros da pesquisadora e professora da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) Nair Prata apontam que a rádio Totem, de São Paulo, foi a primeira rádio 100% online no Brasil. A emissora foi fundada em 5 de outubro de 1998.

Nair Prata ressalta que não demorou muito para rádios se expandirem (com conteúdo exclusivo ou não) para a internet. Este levantamento aponta que, em 2000, 191 emissoras estavam presentes online.

Apesar deste crescimento, a “primeira era” das webrádios enfrentou barreiras tecnológicas. “No começo dos anos 2000 a internet ainda é uma grande novidade. Os smartphones não existiam e a banda larga começava a dar os primeiros passos, ainda tímidos, era uma fase de transição entre a conexão discada e o acesso rápido”, conta o jornalista e pesquisador Bruno Micheletti.

Bruno Micheletti ressalta que muitas das webrádios criadas na época não duraram muito tempo: “Havia um pensamento, que me parece até um pouco inocente, em achar que a internet era um ambiente democrático que permitia que qualquer um que tivesse uma rádio sem precisar de concessão pública”.

A questão tecnológica limitava, principalmente, o acesso às webrádios. Dados da pesquisa TIC Domicílios apontavam que, em 2005, apenas 9% das pessoas tinham internet em casa e 33% declararam que já haviam acessado a internet. Isso fazia com que a gama de ouvintes potenciais fosse pequena (principalmente em relação ao rádio tradicional).

O acesso via celular, possível apenas com a chegada dos smartphones (o primeiro foi o iPhone, da Apple, em 2007), também aumentou a frequência de acesso as webrádios e streamings. Quinze anos depois, o formato se mostra consolidado.

“O grande diferencial da rádio pela web é que elas funcionam de maneira online e de forma mais simples, pouco importando se o acesso seja fixo ou móvel. Em outras palavras, você pode estar no conforto do seu lar, no trabalho ou até mesmo caminhando pela rua e ouvindo uma rádio de qualquer lugar do planeta, podendo ter acesso aos mesmos programas e conteúdos. Basta você ter uma conexão com a internet. Inclusive utilizar a internet está sendo uma das estratégias das rádios para garantir um maior alcance da audiência, conhecidas assim chamadas de rádio multiplataforma”, conta.

Wanderley Nogueira, jornalista e diretor de Esportes da Jovem Pan, cita que a “ida para internet” causou espanto, mas foi bem-sucedida. “Foi um "espanto" para todo mundo naquele momento. O tempo passou e esse recurso é seguido por emissoras de todo o país”, afirma.


E o futuro? Comemoraremos 200 anos de rádio no Brasil?

Com um rádio migrando para plataformas digitais e sendo representados por novos formatos, fica um questionamento: qual é o futuro do rádio no Brasil? Para estudiosos sobre o tema, iremos, em 2122, sim, comemorar 200 anos de rádio no Brasil.

Nair Prata acredita que o veículo passará por uma “radiomorfose”, no qual o meio vai se adaptar com mudanças tecnológicas. “Assim, ao invés de morrer, pelo princípio de sobrevivência, o meio antigo procura se adaptar e continuar evoluindo em seus domínios”, afirma.

Ela relembra que o rádio já sobreviveu à chegada da TV e que o processo se repete neste início de século XXI. “Daqui a 100 anos o rádio continuará a existir, sempre tendo o som como elemento definidor”, completa.

fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/202...


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